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É hoje que te vou escrever.

É hoje que te vou escrever.

29
Ago16

Quando se presta atenção.

 

Quando estamos sentados numa esplanada por vezes não é fácil abstraírmo-nos dos vizinhos do lado e mesmo sem querer (pois às vezes até se quer...) ouvimos e vemos o que se passa.
Mesmo que não se diga,neste caso,que não se oiça,percebe-se.
E algumas das vezes até fantasiamos.Ou não.

 

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No ano passado e em férias penso que percebi um amor de juventude à séria,dos proibidos.

Dos que se vêem apenas de ano em ano,de férias nas casas de família e que tendem a crescer.
Daqueles em que a corda vibra à séria quando se toca pela primeira vez e que faz a pauta crescer pela vida fora mesmo que não se queira.
Comentei entre dentes com o meu Violino e prestei mais atenção.
De vez em quando lembro-me daqueles dois e tento ficar contente só porque existem,mas se soubesse que fazem alguma coisa para ficarem juntos,fisicamente e todos os dias,aí sim não precisaria de tentar.

 

Ela estava sentada com a família,filhos,sobrinhos,cunhados e irmãos. Ele chegou,o tempo retrocedeu e tudo o resto desapareceu. Ficaram eles e eu.Olhou para ela,tratou-a por miúda,ela tremeu,ele meteu-se por ali adentro e o acto do amor aconteceu.

Envergonhei-me,quis deixá-los a sós mas não fui capaz.Tapei os olhos com a mão esquerda mas espreitava entre o médio e o anelar.

 

Ali estou eu 30 anos atrasada e sem poder fazer nada.
Mas ninguém fez nada politicamente incorrecto há 30 anos para que eu possa estar a assistir a um beijo de lábios nos lábios?
Ao mesmo tempo,quem sou eu para dizer que não fazem amor sempre que querem?
Com certeza que fazem,têm de fazer pois uma força daquelas não é natural. Naturais são os iogurtes.
Eles fazem amor quando pensam um no outro.

Senti que aquele momento se repete há uma vida inteira.
Há com h. Há de haver.
A cumplicidade de 30 anos e a saudade de andar de mão dada,a correr praia fora sem pensar em mais nada.
Eu é que senti a injustiça de não poderem viver aquele amor de forma tradicional.
Porque eles...eles aproveitam o momento todos os anos,e na esplanada,à frente de todos.
E garanto-vos,durante o mês de Agosto inteirinho.

03
Ago16

Para ela

 

Hoje não foi nada fácil
chegar à concentração,
foste de tal forma hábil
que até me saltava a mão!

 

Esta ânsia de escrever-te
e que não me deixa dormir
- Levanta-te e pega nele!
DEIXA-ME DAQUI SAIR!!

 

A verdade é que não teve idade precisa,
não sou canhota,cresceu-me na mão direita,
sinto que me aperta,que me arranha,

que de salto alto me pisa
até finalmente estar feita.

 

De tão inconstante que é
leva-me até ao limite,
faz-me trazê-la até
quando a ocasião não o permite...

 

E é aí que tú percebes e sentes
que sem ti não sou eu.
- Diz à Mãe minha querida, quem é que foi que o escreveu?
- Fui eu Mãezinha, juro que é meu!

 

Escondeste-te quando o conheci,
pensei termos sido egoístas,
mas com o tempo percebi
que no auge da felicidade não costumas dar nas vistas;

 

Fiquei perdida,senti-me só,
um filho não substitui outro filho,
era como se estivesse fechada,

apertada com um nó
e perdera o atilho.

 

Acalma-me descrever-te
nos momentos em que não te queixas,
talvez por medo a perder-te
e porque nem sempre me deixas...

 

A felicidade fez-te frente
e tu,sentida,amuáste,
mas como vês foi tão só e simplesmente
ciúmes de quem criaste.